Astrologia, História, Ocultismo & Ciência Comportamental

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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

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Técnicas de Meditação & Compostura


No tópico passado, foi falado sobre a importância da meditação e sua origem. Pra acessá-lo basta clicar aqui. Hoje entraremos numa discussão a respeito de posições ideais para que cada técnica seja realizada de forma correta.

Mãos, pés e corpo a obra!

1. A postura de lótus

De maneira geral, a postura de lótus é comprovadamente a melhor para a meditação sentada. O lótus completo é uma postura de pernas cruzadas em que os pés ficam sobre as coxas, logo acima dos joelhos. O meio-lótus é uma postura de pernas cruzadas em que apenas um pé é colocado sobre a coxa, enquanto o outro permanece sob a outra coxa.

Considera-se a postura de lótus completo a melhor para meditação, porque ela é muito eficaz para estabilizar o corpo. Caso seja incômoda, adota-se o meio-lótus e, se tampouco esta se mostrar confortável, pode-se sentar em uma cadeira ou banquinho de meditação. Independentemente da postura escolhida, a coisa mais importante é que a coluna esteja ereta e não apoiada em nada.

Fontes chinesas geralmente reconhecem dois tipos de posição de lótus completo. Em uma delas, o pé esquerdo é colocado sobre a coxa direita e depois o pé direito sobre a coxa oposta, na chamada “postura auspiciosa”, utilizada para alcançar bênçãos. Quando a ordem de colocação dos pés é invertida, a posição é utilizada para dominar Mara (Demônio da morte) e chamada de “postura de dominação de Mara”.

2. Posição das mãos

Depois de se colocar na postura sentada, o praticante deve repousar as mãos confortavelmente no colo, com o dorso de uma sobre a palma da outra. A ponta dos polegares deve se tocar levemente. Esse gesto é ótimo para a circulação de energias do organismo e é chamado Darmadhatu mudra.

3. Posição da coluna 


A coluna é o principal centro nervoso do corpo, onde as energias das extremidades se reúnem, e, portanto, é importante que ela fique ereta durante a meditação. Quem tem costas fracas ou não está habituado a sentar-se sem apoio talvez necessite de algum tempo para se acostumar. Para a maioria das pessoas, não haverá maiores dificuldades para sentar corretamente sem necessidade de muita prática. A coluna deve ficar ereta durante a meditação, mas não rígida, tesa ou artificialmente ereta. Acima de tudo, a postura de meditação deve suscitar uma sensação de relaxamento e comodidade. Não leva muito tempo para se aprender a gostar do ato físico de se sentar para meditar.

4. Posição dos ombros e do peito

Os ombros devem ficar confortavelmente abertos, em posição tal que permita o relaxamento do peito e deixe a respiração fluir suavemente.

5. Posição do pescoço e da cabeça

Manter a cabeça e o pescoço eretos. Se a cabeça ficar demasiadamente inclinada para a frente, a circulação no pescoço será prejudicada. Em uma visão lateral, as orelhas devem estar alinhadas diretamente sobre os ombros. Dessa forma, a inspiração poderá fluir suavemente pelo nariz em seu caminho para os pulmões e a circulação por todo o abdome e pela cavidade torácica será excelente. Atenção aos músculos da nuca: se estiverem relaxados e bem alinhados, eles levarão as costas à posição correta com a maior facilidade.

6. Boca

Os maxilares e os lábios devem ficar levemente cerrados. A ponta da língua será mantida suavemente atrás dos dentes superiores.

7. Olhos

Em regra, é melhor que os iniciantes em meditação deixem os olhos ligeiramente abertos e fixem o olhar em um ponto imaginário à sua frente numa distância de no máximo um metro. Assim, evita-se a sonolência.

Essas são as sete posturas básicas para a prática da meditação. A seguir, darei outros oito detalhes que também se mostram importantes para o conforto e a eficácia da postura de meditação.

1. Paz

Arranjar o assento e a sala onde se medita de forma a promover sensação de paz e conforto.

2. Vestimentas

Roupas justas, cintos, relógio, óculos, joias ou qualquer vestimenta que restrinja a circulação devem ser desapertados ou retirados antes da meditação.

3. O assento

Utilizar uma almofada ou colchonete confortável, que não escorregue nem se deforme facilmente, ao se sentar em lótus ou meio-lótus. A boa almofada é larga o suficiente para apoiar pernas e joelhos e tem espessura de cerca de quatro dedos.

Se essa posição não for confortável, recorrer a um banquinho próprio para meditação, ou à borda de uma cadeira ou cama dura. A posição é muito importante na meditação. O corpo e os hábitos das pessoas são tão diferentes que é impossível definir apenas uma ou duas regras para o sentar-se.

Repetindo: conforto e coluna ereta sem apoio são os elementos fundamentais da boa postura para a meditação.


4. Cobrir os joelhos

A circulação se desacelera durante a meditação; portanto, é fundamental manter os joelhos aquecidos. Se o clima estiver frio, os joelhos devem ser cobertos com uma manta ou toalha.

5. Purificar a respiração

Repita o seguinte exercício três vezes: inspire pelo nariz e expire pela boca. Ao expirar, imagine que está eliminando toxinas e impurezas de seu organismo. Tanto a inspiração como a expiração devem ser lentas e conscientes.

Quem ainda não se sentir relaxado após o exercício deve repeti-lo.

6. Achar a posição confortável

Faça algumas torções da coluna para ambos os lados e depois fique imóvel. Caso a postura ainda não esteja confortável, torça novamente e observe. É muito importante manter a imobilidade durante a meditação. Movimentos eventuais são tolerados, mas o meditador precisa se esforçar para ficar totalmente imóvel por longos períodos de tempo.

7. Rosto

Assim como todas as outras partes do corpo, o rosto deve ficar relaxado. Um sorriso muito sutil, desde que natural, é uma boa expressão facial para a meditação. O rosto não deve ficar rígido ou severo.

8. As costas não devem se apoiar em nada

Durante a meditação, as energias do organismo naturalmente começam a se canalizar na coluna e subir por seu interior. Se as costas estiverem apoiadas, esse fluxo natural será bloqueado.

Os três elementos mais fundamentais da postura de meditação são conforto, imobilidade e coluna ereta sem apoio. A meditação deve ser uma experiência agradável; assim, o conforto precisará ser o maior possível. A imobilidade durante a meditação ajuda a canalizar e elevar todas as energias do organismo. A coluna ereta que não se apoia em nada cria um canal para essas energias subirem a centros mais elevados.


O samádi é como a água pura e limpa, pois lava todas as impurezas.

Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria



Concluindo a meditação


Tão importante quanto o processo de preparação para a meditação é o processo de saída dela. Se simplesmente pularmos do assento e já começarmos a fazer tudo apressadamente, sem uma transição adequada, podemos perder tudo o que foi ganho durante a meditação e até mesmo vir a adoecer.

Quando entramos em meditação, afastamo-nos do que é grosseiro e agressivo e nos aproximamos do que é refinado e suave. Ao terminar a prática, fazemos o movimento oposto – o calmo e tranquilo mundo da luminosa mente interior precisa gradualmente abrir espaço para as necessidades de movimento físico, para a fala e para os pensamentos que nos acompanham ao longo do dia.

Se nos levantarmos abruptamente após a meditação e nos lançarmos de volta ao ritmo do mundo, poderemos sentir dor de cabeça, desenvolver rigidez nas articulações ou algum outro problema físico. Transições descuidadas da meditação para a consciência comum também chegam a provocar estresse emocional ou irritabilidade. Por isso, ao sair do estado meditativo, é importante atentar para os cinco pontos descritos a seguir:

1. Mude seu foco, trazendo-o para as novas condições

Quando decidir que é o momento de encerrar a meditação, desloque seu foco de atenção do mundo interior para o exterior. À medida que a mente vai voltando a perceber as sensações externas, concentre-se no processo de conclusão da meditação.

2. Expire pela boca algumas vezes

Ao fazer isso, imagine que os últimos venenos presentes no organismo estão sendo expelidos. Sinta que o corpo inteiro participa do ato de respirar.

3. Movimente a parte superior do corpo

Ainda sentado, comece por movimentar delicadamente o tronco para a frente e para trás algumas vezes. Depois, faça torções e movimentos com outras partes do corpo, mas sem forçar. Por fim, massageie suavemente seus ombros, braços, mãos, pescoço e cabeça.

4. Movimente as pernas

Terminada a etapa anterior, comece a movimentar e esticar as pernas devagar, de modo a sentir que elas voltam gradativamente a se mostrar flexíveis e firmes. Atenção: se você fizer a movimentação de modo brusco ou repentino, a sensação será de rigidez e desconforto.

5. Massageie a pele

Massageie suavemente a pele até sentir um agradável formigamento.

6. Massageie os olhos

Quando sentir que o corpo e as mãos já estiverem começando a ficar estimulados de novo, massageie delicadamente os olhos até sentir quer a circulação se normalizou. Quando perceber que os olhos estão confortáveis e prontos, abra-os.

7. Elimine calor

A meditação costuma elevar a temperatura corporal. Tanto assim que há quem transpire durante a prática. Portanto, ao sair da meditação, é importante eliminar o calor ou permitir que ele se estabilize. O corpo pode estar bastante sensível após a meditação. Sensações diferentes devem ser respeitadas e é preciso permitir que o organismo recupere naturalmente sua homeostase.


Ao concluir a prática, é bom refletir sobre a razão pela qual meditamos. A meditação é uma técnica destinada a acalmar nossos pensamentos ilusórios para que a verdadeira sabedoria possa finalmente florescer. À medida que, gradativamente, conseguimos perceber as ilusões da mente, também vai aumentando nossa compreensão da iluminação. Conforme cresce nosso entendimento, intensifica-se nosso desejo pela iluminação. Esse não é um desejo de poder ou de habilidades psíquicas, como os desejos típicos do samsara; mas de aperfeiçoamento da sabedoria e da compaixão. É desejo de levar mais e maiores benefícios para os outros seres sencientes; desejo de se tornar tão benevolente quanto um Buda.

A sabedoria que se desenvolve em nós como resultado da meditação deve ser aplicada à vida no mundo real. Certamente carece de rumo a meditação que não gere uma sabedoria prática e socialmente útil. Huineng, sexto patriarca do Budismo Chan, disse:

O que é a meditação que praticamos sentados? Ela consiste em nos afastar de todas as distrações externas e acalmar a mente. A isso damos o nome de “sentar”. Observar a natureza interior em perfeita calma é o que chamamos de “meditação”.

Huineng também disse:

Afastar-se de todas as formas exteriores é chamado “meditação” (dhyana). Estar perfeitamente interiorizado e sereno é chamado “samádi”.

A meditação não nos leva a um outro mundo, mas revela as mais profundas e assombrosas dimensões do mundo em que já vivemos. Contemplar calmamente tais dimensões, colocando-as a serviço da compaixão e da bondade, constitui a forma correta de rapidamente auferir ganhos na meditação, assim como na vida.

Na meditação, abandonamos os fogos da impureza pelo frescor do claro samádi.
A sensação é a da alegria de cair em água fresca e clara após nos termos queimado ao calor do sol.

Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria

Do livro Purificando a Mente – A meditação no Budismo Chinês, 
Venerável Mestre Hsing Yün, Editora de Cultura, São Paulo, maio de 2004

Créditos: TemploZulai

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